quarta-feira, 3 de abril de 2013

Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: 'Envelheci.'


Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: 'Achei! Achei!', mas ele escorrega se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último. Mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas. E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: 'Envelheci.' Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem à morte. Que talvez seja a grande resposta. A única. "                                                 Caio Fernando Abreu

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